Há muito sabemos que o Movimento Empresa Júnior existe para formar, por meio da vivência empresarial, empreendedores comprometidos e capazes de transformar o Brasil. Entretanto, muitas vezes acabamos perdendo contato após a saída do MEJ e não percebemos quantas histórias incríveis vão sendo criadas por esses empreendedores. Com isso em mente, o Portal BJ começará a trazer e contar essas histórias para vocês.
Para a primeira história, convidamos Rodrigo Paolilo, de Salvador-BA, sócio-diretor de três empresas, presidente da Junior Achievement Bahia e Presidente do Conselho Consultivo da Confederação Nacional dos Jovens Empresários, a CONAJE. O Rodrigo entrou na Universidade Federal da Bahia em 2002 para cursar administração, fazendo parte da Empresa Júnior ADM UFBA, onde foi presidente e teve a oportunidade de organizar o 11º Encontro Nacional de Empresas Juniores (OXI ENEJ), evento que ficou marcado pela fundação da Brasil Júnior. Além disso, foi o primeiro Presidente do Conselho da UNIJr-BA e também da Brasil Júnior. Acompanhe toda essa jornada por meio das próprias palavras do Rodrigo, em uma entrevista feita nesta quinta-feira, dia 16/12.
1) Quem era o Rodrigo antes do MEJ?
“Era alguém que estava em busca de um novo sonho, pois tinha deixado o sonho de ser atleta de natação profissional há pouco tempo. Eu era nadador e tinha decidido parar para focar na faculdade e, principalmente, em desenvolvimento profissional. Era alguém que sabia que queria empreender, mas não tinha noção do como, onde, quando, nem nada do tipo. Tinha um comportamento de líder, mas nunca tinha exercitado e desenvolvido liderança em nenhuma esfera práticas. Além disso, tinha interesse por causas sociais e associativas, mas ainda não tinha participado ativamente de ações do tipo.”
2) O que no começo da sua trajetória mais te marcou e foi fundamental para o restante do seu período como empresário júnior?
“A qualidade das pessoas que estavam lá, o compromisso, capacidade de realização, maturidade, sonho grande, vontade de fazer coisas incríveis. A meta da EJ era ser a melhor do Brasil e realizar o melhor ENEJ de todos os tempos (na época, o ENEJ era organizado por uma EJ). Essa sinergia de propósito foi um primeiro grande passo, além do entendimento de cultura organizacional, da gestão de processos e de uma visão compartilhada.”
3) Qual foi o maior desafio que você superou no MEJ e a principal lição aprendida?
“Sem dúvida foi realizar o ENEJ em 2003, primeiro ano de governo Lula, com o país parado economicamente. Um evento com um orçamento de mais de 1 milhão de reais, pra 1.500 pessoas esperadas, com a pressão da fundação da Brasil Júnior (um sentimento de “tem que rolar”: o grupo da Rede Brasil Júnior naquele último ano estava muito unido, sabia o que queria e queria fazer parte daquela história. A pressão foi como efeito positivo, não efeito negativo) e 80 pessoas para liderar no evento. Certamente o maior desafio e o maior legado. Foi um dos primeiros eventos que teve uma grande relevância de nomes (convidados) a nível nacional e o lucro deu segurança financeira para a EJ por muitos anos.
Na época quem organizava o evento era a EJ, não a Federação e existia uma pressão muito grande pois o evento tinha um risco de mais de R$ 200.000,00 de dívidas para a EJ, tivemos “sorte” de ter tido uma greve na UFBA poucos meses antes, então a EJ focou muitos esforços na realização do evento, que finalizou com um lucro de R$ 100.000,00.”
4) O que você diria para você mesmo se pudesse voltar no tempo?
“Em tese eu diria aproveite mais, mas eu considero que aproveitei bastante. Trabalhava mais de 12 horas por dia, fiz parte da organização do ENEJ, presidência da EJ, presidência do conselho da UNIJr-BA, presidência do conselho da BJ. Também fiz muitas amizades e me relacionei bastante. Amadureci bastante, mas considero que os erros que cometi foram parte do aprendizado.”
5) Cite um projeto que você realizou na EJ e que gerou um grande impacto.
“Sem dúvida, criamos o Planejamento Estratégico de longo prazo com o BSC de forma participativa. Foi o primeiro do MEJ, um dos melhores estudos de caso e se tornou referência para todo o MEJ (várias EJs e Federações adotaram o modelo). O ciclo estratégico 2003-2005 foi o maior ciclo de crescimento da história da EJ, criando uma cultura de acompanhamento e compartilhamento e resultados bem estabelecida, enfim, um grande marco para a empresa júnior."
6) Quanto você atribui seu sucesso profissional ao fato de ter passado pelo Movimento Empresa Júnior? O que você usa hoje que mais aprendeu no MEJ?
“É difícil mensurar. Certamente contribuiu bastante, principalmente no desenvolvimento da liderança, conhecimento de gestão de organizações, processos, estratégia, espírito empreendedor e associativista, a resiliência... Tudo isso vem do MEJ.”
7) O que o MEJ deve aprender com o mercado?
“(O MEJ) melhorou muito nos últimos anos essa relação com o mercado. Acho que a parte de relacionamento político e empresarial melhorou e avançou demais, o próprio modelo de governança tem ficado mais próximo do mercado. Não pode ser igual ao mercado porque o MEJ não é o mercado, isso tem que estar muito claro. Acho que está numa boa medida.”
8) Quem é o Rodrigo depois de ter passado pelo MEJ?
"Eu me preparei para sair, né... Muitos não se preparam e sofrem com isso. Logo depois fui para a Espanha e me dediquei bastante em um intercâmbio, fiz estágio, trabalho voluntário, busquei viver um novo desafio pra preencher esse propósito. Isso ajudou bastante.
Naquele momento eu já sabia que queria empreender, mas sabia que ainda não estava pronto e na época o empreendedorismo era “coisa de maluco” ainda mais do que é hoje. Hoje ainda é arriscado mas existem capacitações, suporte e o tema do empreendedorismo é mais comum. Naquela época não havia nada, nossos amigos (que iam se formar) só pensavam em programa trainee, concurso.
Eu sabia que tinha que passar por algumas experiências antes de empreender e que tinha que me preparar o máximo. Passei um ano na Espanha, voltando ao Brasil trabalhei em um grupo baiano na área financeira, que era o maior gap de conhecimento que eu tinha. Em seguida, passei 2 anos e meio em São Paulo trabalhando na Votorantim. Depois disso decidi voltar pra Salvador para empreender.
Hoje tenho três empresas: a primeira continua até hoje (tem mais de 7 anos) e ao longo do tempo fui consolidando as outras. Uma é um restaurante de comida saudável, uma franquia (Mariposa | Boulevard 161). A segunda é um curso de idiomas personalizado (Conecta Idiomas). A última e atual que eu dedico mais de 90% do meu tempo é a Rede + (http://www.gruporedemais.com), uma rede de ambientes colaborativos de desenvolvimento empreendedor, desde espaços de coworking, apoio e suporte a startups, o que tem muito a ver com o meu propósito.”
9) Qual é o seu propósito de vida e sonho grande para transformar nosso país?
“Meu propósito é deixar o Brasil um país mais empreendedor, é a causa que eu atuo desde o MEJ. Atuo nisso como presidente da CONAJE, estou na Junior Achievemnt atuando nisso também, como voluntário e agora também com a Rede +. É o que me move mais forte, melhorar o ambiente ao nosso redor, dar suporte aos empreendedores.
Por exemplo, na Rede + organizamos uma competição mundial de startups em Salvador, com a etapa brasileira acontecendo num estádio de futebol, startups fazendo pitch em inglês. Isso posicionou a empresa no cenário nacional e internacional. Agora estamos consolidando tudo isso com um grupo de investidores, realizando eventos impactantes pro ecossistema e desenvolvendo um modelo de franquias para desenvolver esses ecossistemas em outros ambientes e cidades do Brasil.”
10) Por que você acredita que o MEJ pode fazer tanta diferença na vida de centenas de universitários?
“Olha, não faz diferença em centenas não, pode fazer para milhares e até milhões de universitários. Já faz essa diferença e eu acho que pode fazer ainda mais. Por mudar a forma de pensar, a forma de interagir com a universidade e o mundo empresarial. Por aprender muito e principalmente devolver para a sociedade e pequenos negócios a condição de ter um país mais competitivo, mais empreendedor. Acho que o MEJ poderia ter um impacto maior não só com os membros, bem como com a comunidade acadêmica para aprender junto na realização de projetos, que é algo que precisa ser feito para aumentar a escala. Muita gente já conhece o que é uma empresa júnior, o porquê dela ser importante. Agora é realmente aumentar o impacto, visibilidade e a percepção de valor do que é feito pelas EJs.
11) Além do que já conversamos, você tem mais algum recado que gostaria de dar?
“É relevante falar de outros movimentos que existem e impactam no ecossistema. Na minha visão, depois do MEJ eu me aproximei de outras organizações como a CONAJE e a Junior Achievement, por isso incentivo bastante a participação dos pós-juniores na CONAJE, uma aproximação maior dos meninos da JA no ensino médio, até mesmo para melhorar a qualidade das pessoas que já entram no MEJ. Essas três organizações juntas são capazes de mudar os rumos do empreendedorismo no Brasil, com muito mais engajamento como rede e movimento realmente preparado para fazer a transformação social.”
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Depois dessa excelente história, podemos ver que nossa missão vem sendo vivida e realizada a cada dia. Quais outras histórias nossos pós-juniores nos aguardam? Quais histórias nós, empresários juniores, estaremos contando em alguns anos quando estivermos no lugar deles? Só o tempo dirá, mas já sabemos que serão bastante promissoras.
Se você é pós-júnior e quer se conectar com pessoas como o Rodrigo e continuar construindo com o MEJ um Brasil Empreendedor, cadastre-se na Comunidade Pós-Júnior e participe dessa rede! E se também ficou interessado em contar sua história e o impacto que o MEJ causou em sua vida, entre em contato conosco através do e-mail [email protected].