Você já teve uma grande ideia para mudar a sua empresa júnior e ela não foi para frente?
Você teve dificuldade para mobilizar as pessoas da EJ em mudar alguma coisa?
Você acredita que sua EJ precisa de alguma mudança para crescer?
Se você respondeu sim para alguma dessas perguntas, esse artigo é para você.
A base do texto é o modelo de 8 passos para liderar uma mudança, do John P. Kotter, que ao estudar o processo de mudança em organizações, percebeu que grande parte delas falhava por não conseguir executar bem algum desses passos.
Ao longo desse ano visitamos mais de 300 empresas juniores e percebemos que esse fundamento pode ajudar muitos empresários juniores a mudarem a realidade das suas EJs.
Vamos aos 8 passos!
Passo 1 – Criar senso de urgência
Desafios:
O primeiro passo é mostrar para a empresa que há uma necessidade urgente de iniciar uma mudança. Essa necessidade pode ser percebida analisando o ambiente externo, vendo o crescimento de outras EJs ou o próprio histórico da EJ.
É preciso mostrar que muitas vezes no cenário de uma EJ, onde o que vale é o aprendizado dos membros, a estagnação confortável e sem desafios é imensamente pior do que arriscar uma mudança incerta.
Se você estiver conduzindo esse processo, não deixe de mostrar dados, comparar com outras EJs e com o próprio potencial da empresa júnior.
Riscos:
- Não subestime a dificuldade de tirar as pessoas da sua zona de conforto. Muitas vezes por não entender o propósito da EJ alguns membros podem não estar dispostos a se dedicar a uma mudança.
- Ficar paralisado por conta dos riscos da mudança. Por mais que muitos apontem que as mudanças podem gerar problemas, a ideia é identificar os riscos, procurar fundamentos e entender como mitigá-los. Sabendo também que a EJ é um laboratório, antes errar nela do que no futuro!
Passo 2 – Engajar outros membros com mudança
Desafios:
Ninguém consegue mudar uma EJ sozinho. É preciso reunir um grupo de pessoas que acredite e esteja disposto a trabalhar pela mudança. O ideal é que a EJ inteira esteja engajada, mas nem sempre o consenso é possível.
A ideia é que todos trabalhem juntos, independente da hierarquia na EJ. Senso de urgência ajuda, mas é preciso além disso, unir as pessoas em torno do objetivo, facilitar a comunicação e confiança.
Riscos:
- Muito cuidado ao expor as motivações da mudança, as pessoas precisam comprar o “porquê” da ideia
- Faltar comunicação e confiança entre todos no processo de mudança
Passo 3 – Criar uma visão
Desafios:
A visão é o que representa o norte comum, o topo da montanha. Todos precisam de alguma forma contribuir para o seu alcance na EJ. Ela precisa ser simples e representar o crescimento que a EJ precisa.
Como exemplo, a visão da FCAP Jr.:
“Alcançar o resultado de 28 anos de história em 2 anos, faturando R$ 300.000,00 em 2017 e R$ 440.000,00 em 2018”
Está claro para todos o norte a ser alcançado pelo grupo. A visão idealmente deve ser construída de forma colaborativa entre toda a EJ, para que todos se sintam parte e possam contribuir para a idealização e construção do futuro da EJ.
É necessário entender que para fazer sua EJ crescer de x para 2x de faturamento ou projetos o aprendizado no processo será indescritível para todos na EJ. Além disso, o impacto na economia local e o aumento de recursos na EJ são externalidades positivas desse aumento.
Riscos:
- Criar uma visão muito complicada e que não seja clara o bastante para sabermos se ela foi alcançada ou não
- Pessoas na empresa não compreenderem que o crescimento da EJ está diretamente relacionado com aumentar o aprendizado dos membros e impactar mais negócios locais.
Passo 4 – Comunicar a visão
Desafios:
Uma vez criada a visão precisa ser comunicada e exposta em todos os canais possíveis. Todos da empresa precisam conhecê-la. Passar a visão final para a EJ em reuniões, desenhar um mapa estratégico, garantir um painel de gestão à vista, até trocar o nome do grupo do whatsapp vale!
É fundamental garantir que a visão seja assunto constante nos momentos em grupo. É uma ótima forma de transformar reuniões gerais frias e tediosas em discussões calorosas e empolgantes sobre como alcançar a visão.
Mas não só de palavras é feita a comunicação.
A principal forma é por meio de atitudes. As pessoas comprometidas com a mudança precisam mostrar isso por meio de atitudes alinhadas ao alcance do objetivo, mesmo que isso signifique abrir mão de um processo ou prática antiga.
Riscos:
- Não comunicar a visão para todas da empresa de forma clara
- Se comportar de maneira incoerente em relação à visão
Passo 5 – Empoderar e remover obstáculos
Desafios:
Quando a visão estiver bem comunicada é o momento de empoderar todos os membros a agirem em prol dela. Muitas vezes há diversas barreiras ao crescimento na EJ que existem há muito tempo. Essas barreiras podem ser crenças limitantes, estruturas e processos engessados (que muitas vezes não contribuem para o core business) e até pessoas.
Uma vez identificada a barreira o ideal é retirá-la o mais rápido possível para que os membros engajados não se desmotivem ao tentar propor e implementar novas ideias. E falando em ideias, é o momento de valorizar o não condicional e estimular o aprendizado por erros. Fazer benchmarkings e estudar são formas de errar menos durante o processo.
Nesse momento é necessário questionar os modelos já existentes para poder inovar. O seguinte experimento comportamental pode ajudar a entender o estado em que muitas vezes estamos:
https://www.youtube.com/watch?v=_8zA18LkPR4
No vídeo conseguimos tirar uma moral: para que a mudança aconteça, precisamos questionar os modelos atuais.
Riscos:
- Falhar em remover barreiras que impedem a mudança
Fase 6 – Vitórias de curto prazo
Desafios:
Uma visão de longo prazo para uma EJ, de 1 a 3 anos, precisa ser seguida de metas e vitórias menores, para garantir a energia do grupo e reconhecer as pequenas conquistas.
Uma forma de se fazer isso é desdobrar a meta maior, em ciclos curtos (mensais, bimestrais, etc). A medida que esses ciclos se encerram analisar os resultados. Em caso do alcance da meta, comemorar e reconhecer toda a EJ. Uma boa forma é atrelar o aumento de faturamento a premiações como pagamento de cursos, eventos MEJ, entre outros.
Em caso de não alcançar, procurar as razões que impediram a EJ de atingir os resultados e traçar planos de ação para o próximo ciclo.
Riscos:
- não alcançar os resultados curtos
- não entender como adaptar a empresa ao longo dos ciclos
Passo 7 – Consolidar melhorias
Desafios:
Ao longo dos ciclos da mudança é necessário observar quais são as melhorias que estão trazendo o maior número de resultados e replicá-las na EJ. Quando uma melhoria traz algum resultado, isso precisa ser reconhecido para que as mudanças sejam implementadas na estrutura da empresa.
Ao mesmo tempo, estimular novas mudanças e comportamentos que estejam alinhados às iniciativas que já foram implementadas.
Riscos:
- Declarar vitória muito cedo ao primeiro sinal de melhoria, mesmo sem ter alcançado a visão
Passo 8 – Institucionalizar mudança na cultura
Desafios:
Uma vez a visão alcançada e as melhorias implementadas, o desafio é conectar os novos comportamentos e o sucesso da EJ. A partir disso é a hora de incorporar essas mudanças na cultura, valores e políticas da Empresa Júnior.
Nesse processo, dois fatores importantes:
Primeiro: mostrar como as novas práticas e comportamentos trouxeram os resultados.
Segundo: gastar tempo garantindo a seleção (membros da EJ) e eleição/indicação (diretoria) personifiquem a nova postura da EJ.
Com o oitavo passo conseguimos garantir a perenidade da mudança.
Riscos:
- Não implementar as mudanças na cultura da EJ
- Eleger e selecionar pessoas desalinhadas com a nova abordagem
Ao final desse texto, esperamos que você, empresário júnior, esteja mais preparado para liderar mudanças na EJ.
Autor: Lucas Costa - Diretor de Formação Empreendedora da Brasil Júnior